Cobertura PANLAR 2023
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O Espírito Pan-Americano do Fernando Neubarth

Por : Estefanía Fajardo
Periodista científica de Global Rheumatology by PANLAR.



29 Maio, 2023

https://doi.org/10.46856/grp.27.ept176
Cite as:
Fajardo E. O Espírito Pan-Americano do Fernando Neubarth | Global Rheumatology Vol 4 / Ene - Jun [2023]. Available from: https://doi.org/10.46856/grp.27.e176

"O médico brasileiro recebeu o reconhecimento pelo Espírito Pan-Americano no Congresso PANLAR 2023. A sua premissa: queremos ser bons médicos, para isso precisamos ser boas pessoas."

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E- ISSN: 2709-5533
Vol 4 / Jan - Jun [2023]
globalrheumpanlar.org

Cobertura PANLAR 2023

O Espírito Pan-Americano do Fernando Neubarth

Autor: Estefanía Fajardo: Jornalista científico de Reumatologia Global pelo PANLAR, estefaniafajardod@gmail.com

DOI: https://doi.org/10.46856/grp.27.ept176

Cita: Fajardo E. O Espírito Pan-Americano do Fernando Neubarth | Global Rheumatology Vol 4 / Ene - Jun [2023]. Available from: https://doi.org/10.46856/grp.27.e176

Data de Publicação: 29/Mayo/2023


Falar de si mesmo é difícil para ele, mas quando pergunta o seu nome aos outros, eles respondem com elogios carregados de muito sentimento. Ele se define como médico por profissão e escritor por necessidade. Desde o início, talvez por inspiração do avô materno, que não conheceu, mas que soube do seu espírito e vocação para cuidar dos outros.

O Fernando Neubarth é do Brasil, sede do Congresso PANLAR 2023, onde, além disso, foi premiado com o reconhecimento ao Espírito Pan-Americano que, afirma, "é um gesto de generosidade" de quem propôs o seu nome e o dedica aos que fizeram parte do processo e da sua história, amigos e familiares.

O Neubarth é especialista em Medicina Interna e Reumatologia, chefe do Serviço de Reumatologia do Hospital Moinhos de Vento. Também foi presidente da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR) 2006-2008 e presidente do Conselho Consultivo da SBR.

A motivação para estudar Medicina surgiu quando ingressou na universidade, "talvez tenha sido influenciado pela história do meu avô materno, que não cheguei a conhecer, mas que exerceu a profissão com muito cuidado para com os seus semelhantes e com um espírito de idealismo e interesse pelo bem comum.

A opção pela reumatologia se deu durante a residência em clínica médica do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

“Na época, o Serviço de Reumatologia era dirigido pelo professor João Carlos Tavares Brenol, um entusiasta da especialidade, a quem devo também a influência da participação e gosto pela vida institucional na Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR). o Boletim da SBR a convite dele, o que fiz por mais de uma década, e por meio dele me dei a conhecer e me tornei presidente da entidade”, lembra.

Ele também lembra da influência de um colega e tutor na residência médica, "O Dr. Umberto Lopes de Oliveira Filho, com quem também aprendi muito, principalmente sobre postura e relacionamento com os pacientes".

Para este médico que aprecia humanidades “todos somos influenciados principalmente pelas nossas relações circunstanciais de formação e privilégios da vida, a família. Especificamente na área da reumatologia, foram muitos os exemplos, além dos já citados acima. Seria injusto citar alguns entre tantos que me marcaram e ainda estão presentes nessa influência e aprendizado que fica”, diz.

Ele acrescenta que “o tempo mostra que cada vez mais sabemos o pouco que sabemos e precisamos continuar aprendendo”.

Na vida corporativa, durante a presidência da SBR, compartilhou com um grupo de colegas que também o ajudou muito, tanto na diretoria como em todo o quadro de associados da época, "quem acho que conheço pessoalmente e a maior parte pelo nome deles. Tornaram-se amigos e exemplos que guardo com respeito e carinho”.

Questionado sobre que outra carreira ou trabalho teria escolhido, responde que, embora nunca o tenha considerado, seria seguramente algo diferente, mas realizado "com o mesmo sentido de preocupação permanente em seguir os preceitos que entendo como éticos e responsabilidades."

O trabalho na PANLAR

O interesse pela PANLAR, confessa Neubarth, surgiu a partir de exemplos como os do Dr. Pedro da Silva Nava e do Dr. Adil Muhib Samara, ex-presidentes brasileiros da Liga. “A Dr. Samara continua sendo uma fonte de histórias e inspiração. Mas, sem dúvida, foi com o meu amigo Antonio Carlos Ximenes com quem iniciei a minha participação mais efetiva na PANLAR”, diz.

Como presidente da SBR, “já buscava uma aproximação maior entre a Sociedade Brasileira e a Liga, o que me levou a receber em 2008, também com muita honra, o título de Membro Ilustre da PANLAR. Por alguns anos fui representante da SBR na Liga e membro da Diretoria desde 2010, tendo sido secretário geral, vice-presidente Regional Sul e, já no mandato da nova Diretoria, representante do Cone Sul”.

Em 2010, o Neubarth presidiu o XXVIII Congresso Brasileiro de Reumatologia em Porto Alegre. Este evento tornou-se o terceiro maior do mundo, atrás apenas da ACR e da EULAR, e o segundo maior para uma Associação Nacional de Reumatologia. Também foi um marco histórico importante para a PANLAR com a conclusão do primeiro curso da Liga Pan-Americana junto com o ACR e SBR.

Ele resume que a sua participação na PANLAR se deve à admiração que sente pelo amigo Ximenes. "Durante a sua gestão fui Secretário Geral, acreditando e incentivando-o em um trabalho de muita dedicação e fortalecimento por uma maior união e participação internacional, características inegáveis ​​que possui."

Ao longo deste período “contamos sempre com a valiosa participação da Dra. Maria Amazile Ferreira Toscano, representante da SBR na PANLAR, também um exemplo de forte dedicação institucional. Como representante do Cone Sul, sempre estive muito próximo do Dr. Miguel Albanese, um raro humanista e em quem encontro muitas das melhores qualidades do que se entende por virtudes civilizadoras. Acredito que pude contribuir na sua decisão de assumir a presidência da PANLAR e isso me enche de satisfação”.

Considera também que a PANLAR tem cumprido os seus principais propósitos. “Ele está sabendo, na minha opinião, enfrentar desafios importantes, se adaptando a novos idiomas, principalmente na sua comunicação. Uma Liga de Associações Nacionais muito diferenciada nas suas oportunidades, mas muito rica em valores humanos e científicos, empreendedora na área da investigação e do ensino, como também conquistando cada vez mais o seu lugar no contacto com os doentes”.

Neste ponto, ele cita ao escritor cubano Alejo Carpentier, que disse uma vez que na América Latina vivemos muitos séculos ao mesmo tempo, essa disparidade pode ser minimizada quando nos conhecemos melhor e começamos a contribuir e trocar experiências, compartilhando soluções, ajudando-nos mutuamente nas nossas fraquezas e compartilhando fraternalmente as nossas conquistas e vitórias. “União e cooperação na busca de acesso a melhores condições de saúde, na prevenção e tratamento, no fomento à pesquisa, na troca de conhecimentos por meio do ensino e da educação. Entendo que a PANLAR trilha esse caminho virtuoso”, analisa.

Espírito Pan-Americano

Ele garante que o anúncio do reconhecimento pela PANLAR foi uma "agradável surpresa". Considera que sempre valorizou o trabalho institucional, porque acredito no valor das instituições que promovem a harmonia e a valorização humana dos seus componentes. “Vejo o prêmio muito mais como um gesto de reconhecimento a todos aqueles que trabalham, independentemente do cargo ou posição, no desenvolvimento desta história”, afirma.

Talvez o que mais valorize neste facto seja a existência de uma medalha com esta simbologia na instituição. “É uma prova de reconhecimento nos bastidores, da grande maioria, que busca ajudar, realizar sonhos e carreiras, mesmo em pequenos gestos e ações, atitudes e até não atitudes, na hora certa e auxiliando em decisões importantes. E nós somos muitos assim, acho que chamar de “espírito” tem a sua especificidade”.

O anúncio foi feito por meio de uma carta que reconhece o trabalho e lista os esforços feitos e o acolhimento deste, além disso, foi em família.

“A carta foi recebida como um gesto de generosidade. Um bom sentimento de pertença, mas que atribuo muito mais às boas intenções de quem pensou no meu nome para tal homenagem. A minha família me conhece bem e sempre acompanhou a minha participação tanto na PANLAR quanto em todas as instituições das quais acredito e sinto que participo. Vocês também fazem parte”, comenta.

E sim. O seu espírito é de médico, de amante das letras, de muitos esforços e agradecimentos aos que fizeram parte da sua caminhada. Agora é a vez dele, do espírito Pan-Americano. “Reitero que sinto orgulho de pertencer a uma instituição que se lembra de valorizar essa virtude um tanto etérea, que não por acaso se chama “espírito”. No "espírito" de uma instituição está o lastro da sua permanência. Agradeço a compreensão de que, de alguma forma, em algum momento, posso representar algo tão nobre e vital para qualquer instituição."

“Contribuí com o que pude, acho que não mais do que muitos e talvez anonimamente. Procurei dar a conhecer a minha opinião sempre que possível, agi e deixei de agir quando me pareceu mais adequado. Acredito que uma instituição é grande e forte quando cada um do seus membros é valorizado. Somos uma Liga de Associações que representa um seleto grupo de profissionais médicos reumatologistas de todas as Américas. Queremos ser bons médicos, para isso precisamos ser boas pessoas. Acho que é isso que todos procuramos”, e na sequência confessa que não tem “a fórmula para isso, mas tenho essa preocupação constante”.

“Aproveito também para agradecer à PANLAR, através do Editor da Global Rheumatology, o sempre entusiasmado Dr. Carlo Vinicio Caballero Uribe, pelo privilégio de poder participar deste maravilhoso canal de comunicação que é a nossa revista. Sempre gostei de ler e por meio de textos literários, muitas vezes fictícios, expresso algumas das inquietações, que entendo não serem só minhas, e a convicção de que a nossa formação precisa estar conectada com todos os aprendizados e estranhamentos. Isso vai além de uma abordagem única, como se a medicina fosse apenas um assunto único e restrito, quando em essência é a transcendência de todo conhecimento. Compartilho com o meu colega português Abel Salazar: "O médico que só sabe medicina nem sabe medicina." Para mim, escrever não é ditar ensinamentos ou verdades, é compartilhar questões, é uma troca de indagações”, afirma.

Questionado sobre os seus sonhos e esse espírito que o levou ao reconhecimento, diz que são tantos… “Continuar a viver o meu tempo. Aprenda a valorizar continuamente esse mistério e dom que é a nossa existência. Mas também espero que possamos viver em uma sociedade mais justa, igualitária, sem tantas diferenças sociais e econômicas. Isso vale para todas as áreas e para todos os caminhos que percorro”.

Termina com uma reflexão; “Devemos buscar continuamente ser melhores reumatologistas, melhores médicos. A primeira condição: gostarmos de gente e gostarmos de ouvir e contar histórias. É isso que move a civilização e nos permite pensar em futuros melhores.”

“A reumatologia sempre me surpreendeu e continua me surpreendendo, é a clínica na sua amplitude e excelência. Um mosaico colorido e multifacetado de histórias e personagens, fonte permanente de admiração pela riqueza da vida”, conclui.

 

 

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