Ricardo Xavier é médico, reumatologista da Universidade de Porto Alegre, especialista em Reumatologia, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, trabalha no Hospital de Clínicas de Porto Alegre e atualmente ocupa a Presidência da Sociedade Brasileira de Reumatologia.
Dedica-se a trabalhar com doenças reumatológicas em geral, mas com interesse nas doenças difusas do tecido conjuntivo. Por isso, ele se interessa pelo manejo da sarcopenia, já que menciona que é um dos desafios atuais da reumatologia mundial, devido a que no momento não existem medicamentos que permitam um tratamento eficaz.
No hospital, diz ele, eles conseguiram equipar um laboratório de pesquisa básica para investigar algumas moléculas com potencial terapêutico em modelos animais de artrite reumatóide e lúpus eritematoso sistêmico; na verdade, ele tem algumas patentes que estão sendo avaliadas.
No caso da sarcopenia, o Xavier garante ter percebido que, no atendimento ao paciente com artrite, existem medicamentos que são eficazes, como anti inflamatórios; entretanto, em termos de função física, como a velocidade da marcha, os pacientes não melhoram tanto.
“Começamos a avaliar como funciona a musculatura desses pacientes”, diz Xavier, explicando que há estudos que mostram que devido ao processo inflamatório da artrite, houve perda de massa muscular nestes pacientes. “Com as terapias que temos hoje, não foi observado que essa massa muscular é recuperada com o tratamento”.
Portanto, quando questionado sobre quais são os desafios da reumatologia hoje, o profissional não hesita em citar dois. O primeiro, o controle dos processos inflamatórios, já que muitos pacientes persistem com dores crônicas e, segundo, a sarcopenia, que embora haja pacientes que melhoram nos seus processos inflamatórios, continuam com baixa massa muscular e incapacidade associada a essa baixa massa muscular.
Contra isso, destaca que nos modelos animais observaram que os mecanismos de perda de massa muscular ocorrem dentro da fibra muscular no processo de degradação da proteína, mas que ela se comporta de forma diferente no animal que fica imobilizado, em comparação com o animal que está com artrite experimental. "Portanto, a artrite desencadeia um mecanismo ativo de degradação das fibras musculares", enfatiza Xavier.
Por que sarcopenia? Para ele, não tem sido uma preocupação frequente na prática clínica e por isso querem enfatizar mais a importância para os pacientes; Não é só controlar a dor, mas ir além e recuperar as funções de mobilidade física.
“Por muito tempo os reumatologistas entenderam que a massa óssea é importante e os medicamentos são usados devido à imobilidade da artrite, já que os pacientes perdem massa óssea e o resultado pode ser uma fratura, mas não nos preocupamos muito com o músculo, que faz o osso se movimentar ”, destaca o profissional.
Nesse sentido, comenta ele, um aspecto importante é começar a destacar a relevância que a sarcopenia tem na qualidade de vida dos pacientes, entendendo que para o osso e a osteoporose existem medicamentos eficazes, mas para a sarcopenia não.
Na mesma linha, ele destaca que existem processos de pesquisa avançados, por isso confia que "em pouco tempo teremos novidades em medicamentos que podem contribuir para o manejo da sarcopenia" e, claro, melhorar a qualidade de vida dos pacientes que, finalmente, é o que buscam com o seu trabalho.