E- ISSN: 2709-5533
Vol 6 / Ene - Jun [2025]
globalrheumpanlar.org
Cobertura PANLAR 2025
O que aprendemos com os Mestres da Reumatologia Pan-Americana
Autor: Global Rheumatology By PANLAR
DOI: https://doi.org/10.46856/grp.27.ept202
Citar como: PANLAR GR. O que aprendemos com os Mestres da Reumatologia Pan-Americana. Global Rheumatology. Vol 6/ Ene - Jun [2025]. Available from: https://doi.org/10.46856/grp.27.ept202
Data de recebimento: 26 de Maio / 2025
Data aceita: 26 de Maio / 2025
Data de Publicação: 28 de Maio / 2025
Todo dia 31 de maio é celebrado o Dia da Reumatologia Pan-Americana, uma data que reconhece a história, os avanços e as pessoas que construíram, com conhecimento e vocação, uma disciplina dedicada a melhorar a vida de milhões de pacientes no continente. É também uma oportunidade para parar e olhar para aqueles que abriram caminho: os Mestres da Reumatologia Pan-Americana.
Desde sua criação, em 2006, o reconhecimento como Mestre tornou-se uma das distinções mais simbólicas concedidas pela PANLAR. Para além do prestígio acadêmico, celebra-se o clínico, o docente, o líder cujo legado atravessou gerações. Ser Mestre não é apenas um título: é um reconhecimento coletivo da coerência entre o que se ensina e o que se vive. É uma medalha invisível, forjada em horas de consulta, aulas ministradas, estudos iniciados, pacientes atendidos, sociedades científicas fundadas e, sobretudo, laços humanos construídos.
Em 2025, a PANLAR reconheceu como Mestres nove profissionais com trajetórias exemplares em seus respectivos países, organizados aqui em ordem alfabética:
- Dr. Mario Humberto Cardiel Ríos (México)
- Dr. Armando Calvo Quiroz (Peru)
- Dr. Gustavo Citera (Argentina)
- Dra. Mary K. Crow (Estados Unidos)
- Dr. Jaime Marañón López (Bolívia)
- Dr. Sergio Paira (Argentina)
- Dr. José Roberto Provenza (Brasil)
- Dr. Iván Stekman Terán (Venezuela)
- Dra. Gloria María Vásquez (Colômbia)
Como parte da cobertura do PANLAR 2025, a Global Rheumatology conversou com alguns deles. Pedimos que compartilhassem suas reflexões sobre a profissão de reumatologista na América Latina, seus valores, seus começos, seus desafios e as mensagens que gostariam de deixar para as novas gerações.
O que recebemos, mais do que respostas, foi uma aula magistral sobre humanidade.
Ser Mestre: entre a gratidão e o compromisso
“Receber essa distinção é uma grande honra. Que uma organização como a PANLAR, que pulsa com o coração de todos os reumatologistas latino-americanos, valorize sua trajetória profissional é algo inestimável.” — Dra. Gloria Vásquez (Colômbia)
Para muitos dos homenageados, o reconhecimento vem com uma mistura de orgulho e humildade. A Dra. Vásquez expressa um sentimento compartilhado: alegria, mas também consciência de representar muitos outros colegas silenciosos, dedicados e merecedores.
“Entendo que a escolha não se limitou a uma revisão acadêmica de 44 anos, mas também reconheceu o compromisso social e associativo que sempre cultivei.” — Dr. José Roberto Provenza (Brasil)
O Dr. Provenza destaca que ser Mestre não é apenas a soma de realizações técnicas, mas também o reflexo de uma vida conectada com a comunidade, os pacientes e o fortalecimento institucional da especialidade.
“É uma honra que emociona. A PANLAR me representa, e eu pertenço a ela.” — Dr. Mario Humberto Cardiel (México)
“Ser reconhecido como Mestre da Reumatologia Pan-Americana pela PANLAR é uma honra que transcende o aspecto pessoal. Este prêmio valida anos de trabalho e, ao mesmo tempo, é um estímulo para o programa de formação de reumatologistas que coordeno.” — Dr. Iván Stekman (Venezuela)
Momentos que marcam a vocação
Alguns evocam lembranças iniciais, quase vocacionais. Como no caso da Dra. Vásquez:
“Decidi ser reumatologista sob a orientação do Dr. Carlos Agudelo quando era estudante do quinto semestre. Essa decisão mudou definitivamente o rumo da minha vida.”
Outros, como o Dr. Citera, relembram anedotas com seus mentores que, mesmo entre erros clínicos e humor, deixaram lições profundas:
“Exercer a reumatologia na América Latina é exercer a especialidade mais linda do mundo no lugar mais lindo do mundo.” — Dr. Gustavo Citera (Argentina)
E há também aqueles, como o Dr. Provenza, que construíram seu legado não apenas em hospitais, mas também nas universidades:
“Fundar e coordenar o serviço de reumatologia da Universidade Católica de Campinas foi meu maior orgulho. Essa equipe se tornou uma grande família profissional.”
Reumatologia na América Latina: resistir, avançar, transformar
Os Mestres concordam que exercer a medicina em nossa região é um ato de perseverança. As limitações estruturais, a desigualdade no acesso e os sistemas de saúde fragmentados são desafios diários.
“O maior desafio é se manter e não desaparecer. Vivemos entre a pressão de países em desenvolvimento e o desejo de acessar os avanços científicos do primeiro mundo. Estamos em um cabo de guerra constante.” — Dra. Gloria Vásquez
Diante do desafio, surgem a criatividade, a resiliência e o orgulho pela profissão.
A partir da sua experiência em sistemas fragmentados e desiguais, destacam como o compromisso ético e a vocação podem transformar estas limitações em oportunidades.
“Trabalhamos em sistemas fragmentados, com acesso desigual às terapias, mas isso não nos isenta de oferecer cuidados rigorosos e humanos. Transformar limitações em oportunidades é o nosso legado regional”, afirma o Dr. Iván Stekman
Os valores que permanecem quando tudo muda
Quais valores sustentam um bom reumatologista pan-americano? As respostas foram diversas, mas convergentes: ética, empatia, compromisso, honestidade, dedicação.
“Disciplina, rigor acadêmico e resiliência. Não se pode acompanhar a dor sem uma profunda convicção ética.” — Dra. Vásquez
“Integridade, confidencialidade, compromisso, responsabilidade profissional e respeito pela vida.” — Dr. Provenza
“Decência, serenidade e humildade.” — Dr. Citera
“Paixão por ensinar e disposição para compartilhar conhecimento.” — Dr. Cardiel
Esses valores, mais do que qualidades individuais, definem uma cultura médica pan-americana construída pelo exemplo.
Uma mensagem para os novos reumatologistas
Em suas mensagens finais, os Mestres deixaram recomendações que são, no fundo, legados afetivos:
“Acreditem em vocês. Sejam rigorosos, compassivos, honestos. Estabeleçam alianças e nunca percam a fé no que fazemos.” — Dra. Vásquez
“Escutem seus pacientes sem pressa. Eles estão ali para narrar, desabafar e aliviar seus medos. Ouvir é o primeiro ato terapêutico.” — Dr. Provenza
“Formem, pesquisem, publiquem. Lutem por uma reumatologia pan-americana melhor a cada dia.” — Dr. Citera
“Nunca deixem de aprender nem de ensinar. Cada paciente também é um mestre.” — Dr. Cardiel
"Sejam guardiões da esperança. Não se contentem com protocolos importados: investiguem, questionem, adaptem. Lembrem-se que a maior conquista não está nos reconhecimentos, mas naqueles pacientes que conseguem abraçar, escrever ou voltar a andar sem dor." - Dr Stekman
Conclusão: aprender com um legado vivo
O Dia da Reumatologia Pan-Americana não é apenas uma data para comemorar conquistas. É uma oportunidade para olhar para aqueles que sustentam, com seu exemplo, a vocação médica como um compromisso ético e social. Os Mestres 2025 nos mostram que conhecimento sem humanidade não transforma, que técnica sem empatia não cura, e que ensinar também é um ato de esperança.
Em cada uma de suas palavras encontramos não apenas história, mas orientação. E talvez essa seja a melhor definição de um mestre:
Alguém que continua ensinando mesmo quando já não tenta fazê-lo.
Equipe editorial Global Rheumatology